
O advogado Rafael Brizola Marques, que faz parte da equipe que foi nomeada para administração e liquidação da Cotrijuí, em entrevista ao Tribuna Popular, do jornalista Jalmo Fornari, afirmou que a sua função neste processo é ser um auxiliar do juiz. Ele iniciou a entrevista comentando que “Dentro da realidade da cooperativa, na época que se detectou a situação mais grave, a assembléia dos associados decidiu pela liquidação extra-judicial”. Esse processo seria uma moratória para buscar uma reestruturação da cooperativa, no entanto, neste período não foram realizados os pagamentos dos credores e a Chinatex pediu a judicialização deste processo.
Com a renúncia da diretoria, que estava à frente desse processo, a justiça nomeou a administração judicial através do escritório que é encabeçado pelo nosso entrevistado.
Nesta semana com a decisão de liquidação judicial, Brizola foi nomeado, através do seu escritório como liquidante judicial da cooperativa, ou seja, terá a espinhosa missão de conduzir a cooperativa para sua extinção. Ele disse que no período anterior foi feito um levantamento de todo o passivo e ativo da cooperativa, o que deu base para que a justiça tomasse a decisão de liquidação da cooperativa.
O advogado disse que neste momento o passivo da cooperativa supera em muito o patrimônio, sendo que a divida está na casa dos 3 ou 4 bilhões de reais e o patrimônio, ou seja, os ativos, estão na casa de 400 milhões de reais.
Uma questão que precisa ainda ser consolidada é a legislação que será aplicada neste processo. Ele situou que o juiz colocou a lei de falência como sistema a ser aplicado, mas isso ainda pode ser revisto.
Um detalhe interessante que o advogado cita, é que a justiça determinou que os primeiros pagamentos sejam feitos aos depositantes de grãos. Brizola disse que esse o detalhe é um entendimento da justiça.
Sobre os associados serem obrigados a ajudar a pagar as dívidas, ele disse que essa sempre foi uma decisão que seria tomada pela justiça, e que a notícia de que isso iria acontecer, ela divulgada por algumas pessoas para fomentar o medo no associado, pois, na leitura dele, esse processo sempre foi inviável. Na decisão de quarta-feira a justiça determinou que o associado não será solidário na dívida.
Ele disse que agora os credores deverão acompanhar o processo para saber como proceder e em qual modelo eles serão inclusos. “A partir de agora temos que procurar outros agentes que podem adquirir a estrutura da cooperativa e suprir esse espaço vai estar aberto com a saída da Cotrijuí do mercado.”
Sobre os arrendamentos, o administrador disse que a expectativa é que a segurança jurídica seja mantida, sendo que eles serão cumpridos e mantidos, mas alerta que em algum momento esses bens irão a leilão. “De qualquer forma esses contratos são de três anos, sendo que um já passou, e até que se organize todas essas situações, creio que os contratos já estarão encerrados.”
“Essa situação da Cotrijuí não é de hoje e infelizmente alguns credores ficarão sem receber”, comentou o especialista.
FONTE: Sistema Província